Na Engenharia Civil, quanto maior o seu domínio sobre um assunto, maior a garantia em fornecer um serviço completo e eficiente. Na indicação dos materiais, como o cimento, argamassa, blocos e outros, não é diferente. É preciso saber qual é o mais indicado para cada tipo de obra, qual dura mais e qual tem maior redução de custos.
E qual é o principal material de qualquer obra? Sim, ele mesmo, o cimento. No entanto, existem 11 tipos e subtipos de cimento e cada um possui características e finalidades diferentes. Você não vai querer indicar o tipo errado para uma super estrutura de concreto e começar a surgir fissuras em pouco tempo? Imagina o prejuízo, não só financeiro, mas para a sua credibilidade como profissional.
Mas não se preocupe! A EngPlay não deixa ninguém na mão e por isso separamos todas as informações necessárias sobre os tipos de cimento para você nunca errar na obra!
O que é de fato o cimento?
A resposta mais simples é curta e direta. O cimento é aquele pó com propriedades ligantes. Normalmente de cor cinza, ele endurece sob a ação da água. Após esse processo de endurecimento, não se decompõe mais, mesmo em contato com a água.
Por outro lado, a resposta mais completa é também um pouco mais extensa. O cimento é o produto composto principalmente da mistura do calcário, argila e componentes químicos. Essa mistura é conhecida como material clínquer. Cada tipo de cimento é diferenciado conforme a adição de outros materiais. Por exemplo, adição de gesso aumenta o tempo de pega. Outro exemplo é a maior proporção de calcário na mistura, para baratear o cimento.
Para resumir, a diferença está na composição do produto. Ou seja, impacta nas características e propriedades de durabilidade, impermeabilidade, resistência e trabalhabilidade.
O cimento é utilizado em quase tudo na obra. Além disso, sua mistura com outros materiais resulta em outros produtos imprescindíveis, como por exemplo a argamassa. Assim, é fundamental que o engenheiro conheça os tipos e suas características. Dessa forma, conseguirá indicar o tipo correto e aproveitar o máximo as suas propriedades.
Atualmente, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) reconhece 11 tipos de cimento. Todos são derivados do cimento Portland, nomeado assim pelo britânico Joseph Aspdin em 1824, em homenagem às rochas da ilha britânica de Portland.
Tipos de cimento e suas propriedades
Cimento CP-I
Nome completo: Cimento Portland Comum
NBR: 5.732
Resistência (em Mega Pascal, unidade de pressão): 25MPa
Este é o tipo mais simples. Em outras palavras, ele é composto apenas de clínquer e gesso. Este único aditivo da mistura retarda o início da pega do cimento, possibilitando mais tempo para aplicação. Porém, possui menos resistência e um alto custo. Por isso, está quase ausente no mercado. E ele também é o tipo indicado apenas para obras sem condições especiais, como por exemplo, exposição à maresia.
CP I-S
Nome completo: Cimento Portland comum com adição
NBR: 5732
Resistência: 25 MPa
O CP I-S é semelhante ao CP-I, porém com algo a mais: adição de material pozolânico. No entanto, neste tipo, a adição não ultrapassa de 5% da composição da mistura para manter a maior impermeabilidade.
CP II-E
Nome completo: Cimento Portland composto com escória
NBR: 11.578
Resistência: 25, 32 e 40 MPa
A categoria CP II são as mais presentes no mercado e têm foco em aplicações gerais. Especificamente, o CP II-E possui em sua fórmula de 6 a 34% de escória siderúrgica com 94 a 66% de clínquer e gesso. Com a finalidade de produzir menos calor durante a reação química com a água, esse tipo é ideal para diminuir o risco de fissuras. Além disso, evita danos causados pelo calor de hidratação e também é uma ótima opção para estruturas que correm o risco de serem expostas a sulfatos.
CP II-Z
Nome completo: Cimento Portland composto com pozolana
NBR: 11.578
Resistência: 25, 32 e 40 MPa
Este tipo é composto de 6 a 14% de pozolana e até 10% de filer. Essa mistura garante grande impermeabilidade e durabilidade. Dessa forma, é geralmente usado para obras marítimas, industriais e subterrâneas. Ou seja, indicado para construções que tenham contato constante com a água.
CP II-F
Nome completo: Cimento Portland composto com fíler
NBR: 11.578
Resistência: 25, 32 e 40 MPa
Composto de 90 a 94% de clínquer e gesso com 6 a 10% de material carbonático ou fíler, o CP II-F é utilizado em várias aplicações. Por exemplo, no preparo de argamassas para assentamento ou revestimento. Outro exemplo é o seu uso em estruturas de concreto armado, solo-cimento, pisos e pavimentos de concreto.
CP III
Nome completo: Cimento Portland de alto forno
NBR: 5.735
Resistência: 25, 32 e 40 MPa
O CP III contém adição de 35 a 70% de escória em sua mistura. Como resultado, possui maior impermeabilidade e durabilidade, menor porosidade, resistência a sulfatos e à expansão. Desse modo, é indicado para obras de grande porte e agressividade, como barragens, esgotos, estruturas metálicas, indústrias, pavimentação de estradas, pistas de aeroportos, viadutos etc. Do mesmo modo, também pode ser utilizado na aplicação de argamassas de assentamento e revestimento, estruturas de concreto armado, protendido, projetado etc.
CP IV
Nome completo: Cimento Portland Pozolânico
NBR: 5.736
Resistência: 25 e 32 MPa
O CP VI tem em sua constituição de 15 a 50% de material pozolânico. O alto teor desse material é o responsável por ser conhecido como Cimento Portland Pozolânico. As principais diferenças deste para o tipo comum, está na sua maior impermeabilidade, durabilidade, resistência à compressão mecânica e à materiais ácidos, analisando a longo prazo. Além disso, é um material pouco poroso. Em suma, este é um tipo indicado para estruturas de grandes volumes de concreto (devido ao baixo calor de hidratação). Assim também é utilizado em obras expostas à ação da água corrente e para ambientes agressivos, como por exemplo que possuam temperaturas elevadas.
CP V-ARI
Nome completo: Cimento Portland de alta resistência inicial
NBR: 5.733
Resistência: 26 MPa (no primeiro dia)
Ao contrário dos outros tipos, o CP V-ARI tem sua estrutura diferenciada também no processo de fabricação. Em outras palavras, a dosagem de calcário e argila na produção do clínquer deste cimento é diferente. Por consequência desse processo, tem alta reatividade nas primeiras horas de aplicação. Ou seja, atinge resistências elevadas em curto espaço de tempo. Como resultado final, após os 28 dias de cura, atinge resistências maiores que os cimentos convencionais. Sua composição contém de 95 a 100% de clínquer e gesso e entre 0 e 5% de fíler. Assim sendo, é utilizado em obras industriais que necessitam de tempo de desforma menor. Por exemplo, o preparo de concreto e argamassa para a produção de lajes, postes, tubos, meio-fio etc.
Cimento CP RS
Nome completo: Cimento Portland resistente a sulfatos
NBR: 5.737
Resistência: 25, 32 e 40 MPa
Este cimento pode conter aditivos C3A, assim como adições carbonáticas. Isso cria uma maior resistência e durabilidade em contato com materiais sulfatados, presentes em esgotos, mares e ambientes industriais, por exemplo. Assim, este tipo é indicado para obras de recuperação estrutural, concreto projetado, armado e protendido, elementos pré moldados de concreto, pavimentos. Enfim, para obras que estejam expostas a sulfatos e que corram risco de corrosão.
Cimento CP BC
Nome completo: Cimento Portland de baixo calor de hidratação
NBR: 13.116
Resistência: 25, 32 e 40 MPa
Este tipo de cimento tem como principal característica retardar o desprendimento de calor em peças grandes de concreto. Em outras palavras, evita o aparecimento de fissuras de origem térmica. Desse modo, aumenta a durabilidade de estruturas e é resistente às grandes temperaturas.
Cimento CPB
Nome completo: Cimento Portland Branco
NBR: 12.989
Resistência: 25, 32 e 40 MPa
Sua principal característica é a cor branca. Ela é resultado da mistura de matérias primas com baixo teor de manganês e ferro e da utilização de caulim no lugar da argila na fabricação do clínquer. E há dois tipos de cimento branco. O primeiro é estrutural, indicado para fins arquitetônicos, porém não é mais tão comum. O segundo é o não estrutural, utilizado como rejunte de cerâmicas.
Com essas informações, fica mais fácil saber qual tipo de cimento usar nas obras, não é?
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